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segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Vídeos de Funaro abrem nova crise entre Maia e Temer



A semana começa agitada e incerta depois que o website da Câmara dos Deputados publicou vídeos do depoimento do doleiro Lúcio Funaro à Procuradoria-Geral da República (PGR), em agosto deste ano. Entre os citados, estão o presidente Michel Temer e o ex-deputado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, preso em Curitiba.

As revelações geram especulações sobre a possibilidade de um afastamento do governo pela Câmara. O governo, por sua vez, avalia que a Câmara não tinha a obrigação de publicar os vídeos em sua página. Nesta semana, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa vai analisar o relatório da segunda denúncia contra Temer, por obstrução da Justiça e organização criminosa no caso J&F.

No sábado (14), a defesa de Temer sustentou que a divulgação do material faz parte de um "vazamento criminoso com intenção de insistir na criação de grave crise política no país".

Maia, então, chamou o advogado de "incompetente", e respondeu que o STF não pediu sigilo sobre o conteúdo das delações do doleiro Lúcio Funaro. "Como    é    possível    depreender    da leitura    das    decisões    que    encaminharam    a    denúncia    e    as cópias    dos    inquéritos    à    Câmara    dos Deputados,    não    há    determinação    de    restrição    de    acesso a qualquer    parte    da documentação", disse nota da presidência da Câmara, divulgada no domingo.

"A    única    ressalva    incide    sobre    a    Petição    n.    7.099, procedimento    que    tramita sobre    segredo de    justiça.    Essa    informação    foi    confirmada    pelo próprio    Presidente    da    Câmara    dos Deputados    em    reunião    com    o    Relator,    Ministro    Edson Fachin, e    com    a    Ministra    Cármen    Lúcia, no    Supremo    Tribunal    Federal", completa a nota.

A assessoria do relator, ministro Edson Fachin, do STF, disse que o conteúdo da delação não poderia ter sido divulgado pelo site da Câmara e que o único documento liberado do sigilo foi a inicial da denúncia.

Em seguida, a defesa de Temer soltou uma outra nota, mantendo as críticas, mas tentou amenizar a crise com a Câmara. "Jamais pretendi imputar ao Presidente da Câmara dos Deputados a prática de ilegalidade, muito menos crime, e hoje constatei que o ofício encaminhado a S. Ex.ª pela Presidente do STF, com cópia da denúncia e dos anexos que a acompanham, indicou serem sigilosos apenas autos de um dos anexos, sem se referir aos depoimentos do delator, que também deveriam ser tratados como sigilosos, segundo o entendimento do Ministro Fachin, em consonância com o que tem decidido o Supremo Tribunal", disse o advogado Eduardo Carnelós na nota.

Após a segunda nota de Carnelós, Maia informou que pediu uma audiência com a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, para que o tribunal detalhasse o que deveria ficar sob sigilo e o que poderia ser tornado público, o que teria sido feito. Maia fez duras críticas ao fato do advogado de Temer ter chamado a divulgação dos vídeos de criminosa, sem antes confirmar se tais informações estão ou não efetivamente sob sigilo.

De qualquer forma, o advogado de Temer, apesar de manter as críticas, admitiu que, quando fez as afirmações, não sabia que as gravações tinham sido tornadas públicas e que estavam no site da Câmara dos Deputados. Carnelós diz que o ofício enviado a Maia pela ministra Cármen Lúcia, com cópia e anexos da denúncia contra Temer, indicava como sigiloso apenas um dos anexos, sem mencionar os depoimentos de Funaro, como havia determinado o ministro Edson Fachin.

"Jamais pretendi imputar ao Presidente da Câmara dos Deputados a prática de ilegalidade, muito menos crime, e hoje constatei que o ofício encaminhado a S. Ex.ª pela Presidente do STF, com cópia da denúncia e dos anexos que a acompanham, indicou serem sigilosos apenas autos de um dos anexos, sem se referir aos depoimentos do delator, que também deveriam ser tratados como sigilosos, segundo o entendimento do Ministro Fachin, em consonância com o que tem decidido o Supremo Tribunal", escreveu a defesa de Temer.

Para Carnelós, a divulgação dos vídeos, que são públicos, "causa prejuízos" a Temer. Ele criticou o fato de jornalistas darem publicidade a declarações de um "confesso criminoso para influenciar os membros da Câmara", e reforçou que é "muito bem fundamentado" o parecer do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), que recomendou o rejeição da denúncia contra Temer.

Ainda no domingo, por meio de assessoria, Cármen Lúcia disse que apenas oficiou Maia e que o relator do inquérito, Edson Fachin, é a autoridade máxima e única no processo. De acordo com o gabinete de Fachin, a delação de Funaro não teve o sigilo retirado em nenhum momento.

O secretário-geral da Mesa Diretora, Wagner Soares, subordinado a Maia, determinou que os vídeos fossem divulgados no site da Câmara. O material foi publicado ainda no dia 29 de setembro, uma semana depois de Maia se queixar do assédio de peemedebistas a parlamentares do PSB, que estavam sendo visados pelo DEM. Os vídeos só ganharam repercussão, contudo, após reportagem da Folha, nesta sexta-feira (13).

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